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Bolsonaro usou codinomes nos testes de coronavírus para preservar identidade

RG e CPF que foram informados nos documentos são iguais ao da ficha de candidatura de Bolsonaro existente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Jornal 'O Estado de S. Paulo' [...]

Por Mauricio Santos em 13/05/2020 às 17:06:17
RG e CPF que foram informados nos documentos são iguais ao da ficha de candidatura de Bolsonaro existente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Jornal 'O Estado de S. Paulo' pediu na Justiça acesso aos exames; presidente havia anunciado resultados, mas se recusou a mostrar documentos até o processo judicial. Ayrton Guedes e Rafael Augusto – Veja os codinomes de Bolsonaro no exame de coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro usou codinomes nos cadastros dos laboratórios onde ele fez os exames para o novo coronavírus. Os laudos recebidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e tornados públicos nesta quarta-feira (13) atestam que Bolsonaro teve resultado negativo, por três vezes, nas análises.

Por questão de segurança, dois dos três registros laboratoriais foram sido feito com nomes falsos, mas a data de nascimento nos documentos é, de fato, a do presidente. Além disso, o RG e CPF informados são iguais ao da ficha de candidatura de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Para a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto aos órgãos oficiais", diz o ofício do Comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, Rui Yutaka Matsuda.

Já no terceiro e último exame, analisado em um laboratório público da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o "dono" da amostra é identificado apenas como Paciente 05. No documento entregue ao STF, não há qualquer dado relacionado ao presidente Jair Bolsonaro.

Os exames de Bolsonaro só foram divulgados após o jornal "O Estado de S. Paulo" entrar na Justiça pedindo acesso. Antes, o presidente já havia anunciado os resultados negativos em redes sociais, mas se recusava a mostrar os laudos em si.

'Decidir usar um codinome no exame é uma tentativa de evitar a transparência', diz Gabeira

O processo chegou ao Supremo Tribunal Federal e, na noite desta terça-feira (12), a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu os laudos ao ministro relator, Ricardo Lewandowski. Os papéis foram mantidos em envelope lacrado e, no início da tarde desta quarta, Lewandowski determinou a inclusão nos autos, sem sigilo.

"Determino a juntada aos autos eletrônicos de todos os laudos e documentos entregues pela União em meu gabinete, aos quais se dará ampla publicidade", afirmou o ministro na decisão.

A ação movida pelo "Estadão" foi marcada por idas e vindas. O jornal chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O jornal recorreu, então, ao Supremo. Nesta terça, a AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.

Laudos mostram que exames de Bolsonaro entregues ao STF deram negativo para coronavírus

Primeiro exame

Primeiro exame entregue ao Supremo Tribunal Federal, em processo sobre testagem de Jair Bolsonaro

STF/Reprodução

O laudo mais antigo entregue ao STF indica que a primeira amostra foi coletada em 12 de março por uma equipe do Hospital das Forças Armadas. O resultado foi liberado às 13h47 do dia seguinte.

O documento mostra o nome Airton Guedes – um codinome, segundo o governo. O CPF e a data de nascimento conferem com os dados de Jair Bolsonaro.

O teste foi feito pelo método PCR, considerado mais preciso porque detecta o material genético do coronavírus. O ideal é realizar esse exame de três a sete dias após o primeiro sintoma ou após o contato com alguém contaminado.

A coleta do material foi feita dias após Jair Bolsonaro retornar de uma viagem oficial aos Estados Unidos, em março. Naquele momento, uma TV americana chegou a afirmar que o presidente tinha sido contaminado, sem apresentar documentos.

Bolsonaro diz em rede social que exame deu negativo para coronavírus

Ao longo daquele mês, pelo menos 23 pessoas que participaram da viagem oficial testaram positivo para a Covid-19. O primeiro diagnóstico foi do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que já voltou ao Brasil isolado no avião e fez o teste após o desembarque.

Segundo exame

Exame para Covid-19 do presidente Bolsonaro do dia 17 de março com resultado negativo

Divulgação

O segundo exame foi registrado no sistema do laboratório no dia 17 de março, cinco dias após a primeira testagem. A repetição é parte do protocolo de segurança e ajuda a evitar um "falso positivo" causado pela janela imunológica – quando o vírus já está no corpo mas ainda não pode ser detectado.

Nesse teste, o paciente aparece com o nome de Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz. O CPF e a data de nascimento, mais uma vez, são os dados de Jair Bolsonaro.

O segundo exame também usou o método PCR, considerado mais preciso. Após esse teste, o presidente voltou a anunciar resultado negativo, sem apresentar qualquer comprovação.

Terceiro exame

Exame para Covid-19 do presidente Bolsonaro do dia 19 de março com resultado negativo

Divulgação

O terceiro exame foi feito em 18 de março, um dia após o segundo. A amostra, desta vez, foi analisada em um laboratório público da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mais uma vez, foi o usado o método PCR, mais preciso, a partir de amostra de "secreção de nasofaringe". O resultado também deu negativo.

O "dono" da amostra é identificado apenas como "Paciente 05". No documento entregue ao STF, não há qualquer dado relacionado ao presidente Jair Bolsonaro.

Em exames do tipo, é comum que uma mesma coleta de material dê origem a dois exames distintos. Isso pode ter acontecido no segundo e no terceiro exames, analisados com apenas um dia de diferença. Os documentos enviados ao STF não trazem essa informação.

O coordenador de Saúde da Presidência da República, Guilherme Guimarães Wimmer, afirma em ofício anexado ao processo que o "paciente 05" era Jair Bolsonaro, e que o nome foi omitido por segurança.

"Em razao do estado de emergência em saúde pública decorrente do coronavírus e considerando a grande repercussão pela mídia sobre o estado de saúde do Sr. Presidente da República, foram adotadas medidas de segurança em relação aos exames, com o intuito da preservação da imagem e privacidade do Presidente da República", diz Wimmer.

"Nesse sentido, os dados pessoais do Presidente da República foram preservados, e o exame em lide foi enviado ao laboratório da Fio Cruz na cidade do Rio de Janeiro identificado como Paciente 05."

Falta de cuidado

Os resultados de Jair Bolsonaro no teste de coronavírus geraram preocupação porque, desde o início da pandemia, o presidente da República infringiu, diversas vezes, os protocolos de distanciamento social e isolamento recomendados pelas autoridades de saúde.

Dias após voltar dos Estados Unidos, e já com a informação de que parte da comitiva estava contaminada, Bolsonaro rompeu o isolamento recomendado pelos médicos da Presidência da República e participou de um protesto na Esplanada dos Ministérios.

No ato, o presidente cumprimentou, abraços e tirou fotos com simpatizantes.

Fonte: G1

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