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UFPR e Procon de Maringá constatam adulterações em álcool em gel

Levantamento feito pelo Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) concluiu que parte do álcool em gel vendido no país não corresponde [...]

Por Mauricio Santos em 05/11/2020 às 14:33:06

Levantamento feito pelo Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) concluiu que parte do álcool em gel vendido no país não corresponde às informações do rótulo. O principal problema encontrado diz respeito ao percentual de álcool etílico, inferior ao recomendado para eliminar germes e proporcionar higiene adequada.

Segundo o professor Andersson Barison, responsável pelo Laboratório de Ressonância Magnética do Departamento Universitário, quase 100 amostras enviadas por pessoas de várias partes do país já foram analisadas desde abril deste ano. Cerca de 75 delas não continham 70% de álcool etílico em sua composição. Só nos últimos três meses, 21 de 28 amostras foram reprovadas pelo mesmo fato. Cinco delas continham menos de 40% de álcool etílico em suas composições.

“Passamos a oferecer à população as análises da qualidade do álcool quando a procura pelo produto aumentou devido ao novo coronavírus. Desde então, recebemos amostras do Amazonas, do Pará e de outros estados”,explicouBarison àAgência Brasil.

Especialistase órgãos como o próprio Ministério da Saúde recomendam que, na impossibilidade de lavar as mãos com água e sabão, as pessoas usem o chamado “álcool 70°” para desinfetar as mãos. Para ser eficaz, o produto deve conter entre68% e 72% de álcool etílicona composição.O que nem todas as marcas analisadas na UFPR cumpriam.

“Em nossas análises, o pior resultado que encontramos foi uma amostra que só tinha 4% de álcool etílico. Era praticamente só água; um produto falsificado que não só não elimina vírus, como serve de alimento para micro-organismos em geral”,disse Barison.

De acordo com professor, as chamadas marcas de ocasião, ou seja, aquelas que passaram a produzir e comercializar o produto recentemente, são as que têm mais dificuldades para garantir a qualidade. Entre as amostras reprovadas no laboratório universitário, nenhuma erade marcas tradicionais e já bastante conhecidas.

“Acreditamos que muitas fábricas estão trabalhando de forma errada por mero desconhecimento.Até porque não conseguimos entender a razão de algumas marcas deixarem de colocar a quantidade de álcool etílico que a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, recomenda, já que é algo muito barato.Acreditamos quehá empresas agindo de má-fé, colocando só um pouquinho de álcool para dar um cheiro, mastambém quemuitas apenas não têm a expertise necessária e estão cometendo algum erro”,afirmouBarison, colocando o laboratório universitário à disposição de consumidores epequenosfabricantes que tiverem dúvidasou precisarem de orientações.

“Os órgãos responsáveis devem aumentar o cerco e a fiscalização. Porque apopulaçãonão tem como saber se está comprando algodequalidade. Basta uma quantidade mínima de álcool etílico para o produto apresentar um odor característico.Por isso, olaboratório da UFPR está disponível para qualquer órgão de defesa do consumidor, para qualquer perito,qualquer pessoaque queira verificar se oproduto tem a qualidade desejada. Bem como para os fabricantes que quiserem checar a qualidade de seu material”, acrescentou o professor.

Interessados devem entrar em contato pelo e-mail[email protected] enviar uma amostra do produto que queiram analisar para oCentro Politécnico da UFPR (Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 100, Jardim das Américas CEP 81531-980 – Curitiba – PR),informando dados pessoais ee-mailde contato para resposta. Apenas 1 mililitro do produto é suficiente para o teste.

Mandioca

O problema já tinha sido constatado pelo Procon de Maringá (PR). Em agosto, o órgão apreendeu mais de 1,8 mil itens à venda em supermercados, farmácias e lojas da cidade. Parte dos produtos apresentava inconsistências de outra ordem, como falta de informações sobre o registro na Anvisa ou letras muito pequenas no rótulo. O problema mais grave, no entanto, foi mesmo a constatação do baixo percentual de álcool, considerado ineficaz.

“Coletamos o material seguindo todos os padrões necessários e o resultado nos chamou a atenção. Devido à situação, achávamos queteríamospoucos problemas, mas deu-se o contrário. Das 32 amostras coletadas, 17 foram aprovadas dentro da margem de erro. No melhor dos casos, o percentual de álcool chegou a 68%. As outras 15 amostras foram automaticamente descartadas, pois não chegaram nem a 60%”, afirmou o diretor do Proconmunicipal, Geison Ferdinandi, àAgência Brasil.

“Uma coisa muito grave é que havia produtos que não conseguíamos distinguir. Havia desde amido de mandioca até outras substâncias que não conseguimos identificar”, disse Ferdinandi, esclarecendo que, após receber o resultado dos testes laboratoriais feitospela Universidade Estadual de Maringá (UEM), o Proconmunicipal notificou os fabricantes para que corrigissem as falhas nos lotes com problemas e para que fornecessem novas amostras para que o órgão pudesse verificar se a situação tinha sido sanada.Distribuidoras e comerciantes também foram notificados e orientados.

Segundo o diretor do Procon de Maringá, além de problemas de produção, também foram constatadas deficiências em relação às embalagens em que muitas empresas envasam oproduto. “No nosso entendimento, as embalagens deviam ser hermeticamente fechadas”, observou Ferdinandi ao comentar o risco de oferecer produtos antissépticos inadequados.”

Resoluções

Consultada, a Anvisa informou que não recebeu informações oficiais sobre o trabalho realizado pelo Departamento de Química da UFPR.Responsável por fiscalizar e atestar aqualidade dos produtos feitos à base deálcoole destinados à limpeza e higiene, a agência refutou o argumento de que arecente“flexibilização” das normas podeterocasionado uma piora dos produtos.

“Cumpre enfatizar que a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 350/2020,atualizada pela RDC nº 422/2020)flexibilizou a produção e comercialização de álcool em concentração 70% sem o registro obrigatório, mas apenas para empresas devidamente autorizadas pela Anvisa paraatuar nosegmento relativo ao produto, ou seja, saneante ou cosmético”, afirmaa agênciaem nota, garantindo que todas as empresas do setor estão sujeitas ao cumprimento deregrasespecíficas.

“Importante lembrar que aflexibilizaçãose deu em razão do desabastecimento desse importante produto paraocombate à proliferação do novocoronavírus”,acrescentou a Anvisa. “No entanto, ainda que alguns produtos estejam sendo colocados no mercado sem o registro, os parâmetros de qualidade devem ser observados pelas empresas responsáveis.Os órgãos de vigilância sanitária locaistêmrealizado o monitoramento, por meiode coletade amostras e realização de análise fiscal, de forma coordenada comaagência” -à qual cabe analisar cada situação para a adoção das medidas sanitárias adequadas, que podem resultar na proibiçãooususpensão da fabricação, comercializaçãoedistribuiçãode produtos com problemas, bem como no seurecolhimento ou apreensão.

Um documentoque a Anvisa disponibiliza na internet, e que é atualizado diariamente, mostraque aGerência-Geral de Inspeção e Fiscalização Sanitária da agência vem aplicando diferentes sanções a algumas empresas que estavam colocando à venda álcool 70°.

Inmetro

Consultado, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)informou queosrequisitosde segurançaparaas embalagensusadas no envasilhamento de álcool,sejana forma liquida,sejaem gel,foramestabelecidosemduasportarias, a n° 269e a n° 270,ambas de 2008.O cumprimento dos requisitos é atestado por meio da presença do selo do instituto na embalagem.

“Apresença do selo do Inmetro e da marca do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade significa que a embalagem atendeu aoscritérios de segurança.Por isso, éfundamental adquirir produtos como álcool em gel de fornecedores legalmente constituídos, como supermercados, mercados e farmácias”,lembrouo instituto,alertando para os riscos da compra de marcas não autorizadas e cuja embalagem não contenha o rótulo de inspeção do Inmetro.

Sobre amanifestação do Inmetro,o diretor do Procon de Maringá, Geison Ferdinandi, acrescentou que a maioria dos produtos que o órgão municipal apreendeu na cidade, em agosto, não respeitava os padrões estabelecidos pelo instituto.

“É um erro da cadeia produtiva que encontramos principalmentenasmarcasrecém-autorizadas aproduzir álcool para atender à demanda.Por isso, recomendamos ao consumidor que busque as marcas de sua confiança, aquelas que ele já conhece. E que, sempre que possível, opte por lavar as mãos com água e sabão.”

Por razões administrativas e legais, nem a UFPR nem o Procon de Maringá informaram os nomes das marcas cujos produtos não atingiram os parâmetros obrigatórios. Já o relatório de monitoramento do mercado divulgado pela Anvisa lista todas as marcas que sofreram alguma punição, bem como o motivo.

Fonte: Agência Brasil

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