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Investigação apura fraude envolvendo Unifil, Igreja Presbiteriana e o ministro da Educação

Reportagem revela que ministro atuou para favorecer a instituição.

Por Mauricio Santos em 10/05/2021 às 16:42:34
Milton Ribeiro visita

Milton Ribeiro visita

Uma reportagem da Folha de S.Paulo estourou como uma bomba em Londrina e revela o que pode ser a ponta de um escândalo de grandes proporções. Segundo a reportagem de Paulo Saldaña, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, atuou nos bastidores para favorecer a Universidade Filadélfia de Londrina (Unifil), denunciada em 2019 por fraude no Enade.

A instituição é controlada pela Igreja Presbiteriana, que também mantém ligação com Milton Ribeiro, que é pastor presbiteriano.

A fraude teria ocorrido no curso de biomedicina da Unifil a partir do vazamento da avaliação do ensino superior. Uma investigação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) concluiu haver fortes indícios, sobretudo estatísticos, de fraude após a coordenadora da graduação ter tido acesso à prova e às respostas do Enade com antecedência.

O ministro Milton Ribeiro tratou o caso pessoalmente. Ele recebeu o em Brasília o reverendo Osni Ferreira e o reitor da Unifil, Eleazar Ferreira, e ainda viajou a Londrina no meio do processo, além de determinar que seu próprio secretário acompanhasse uma visita de supervisão.

A Unifil é ligada à Igreja Presbiteriana Central de Londrina. O chanceler da universidade é o pastor Osni Ferreira, que embora não seja mais o titular da igreja, ainda atua como líder dela. Eleazar Ferreira é irmão de Osni.

Ribeiro recebeu Osni e Eleazar em Brasília no dia 02 de setembro do ano passado.

A investigação do MEC contra a instituição já estava adiantada quando o ministro assumiu a pasta. No dia 26 daquele mesmo mês, um sábado, Ribeiro viajou à Londrina, sem estar acompanhado de assessores, para uma visita a Unifil. Ele deu uma aula e concedeu entrevistas a jornais locais, além de fazer elogios à instituição.

Essa proximidade fez com que o ministro protelasse o envio do caso à Polícia Federal, que deveria dar andamento à investigação contra a instituição.

Na mesma viagem a Londrina, Milton Ribeiro aproveitou para fazer uma pregação no dia seguinte (27) na igreja comandada por Osni, que por sua vez é apoiador assíduo do presidente Jair Bolsonaro. Em março deste ano, Osni convocou por meio das redes sociais uma carreata para defender o presidente e criticar restrições de circulação.

INVESTIGAÇÃO NA PF

A área técnica e a procuradoria do Inep haviam concluído a investigação criminal contra a Unifil em meados de 2020. Mas Milton Ribeiro adiou o envio do caso à Polícia Federal. A informação foi confirmada pela Folha de S.Paulo por três pessoas do alto escalão envolvidas com o tema.

Ribeiro chegou a ameaçar a demissão de lideranças do Inep caso a investigação fosse levada à PF. Na época, Alexandre Lopes era o presidente do órgão. O recado teria sido dado pelo secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga.

Em conversas e em reuniões do MEC, segundo pessoas envolvidas no caso, o ministro e seu principal assessor foram claros sobre os motivos para impedir a apuração criminal: se tratava de uma instituição presbiteriana.

Um ofício foi encaminhado à PF em fevereiro deste ano, somente depois do MEC encerrar a investigação de forma favorável à Unifil. Evidências estatísticas da fraude, apuradas pelo Inep, foram simplesmente ignoradas.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que o caso foi enviado à autoridade policial. "A apuração foi realizada pelo MEC de maneira técnica, observando-se os dispositivos legais. Todos os atos administrativos praticados estão adequadamente registrados no processo administrativo encaminhado na íntegra à Polícia Federal pelo MEC em fevereiro de 2021", diz nota.

Já a Unifil não respondeu aos questionamentos.


Veja a reportagem completa da Folha.

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