O ator britânico Liam Neeson, embaixador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pediu à comunidade internacional mais apoio às crianças e adolescentes venezuelanos que fugiram da crise que abala o país.
"Eles estão exaustos, vulneráveis e ainda em choque por terem deixado tudo para trás. Como pai, meu coração fica partido ao ouviu essas histórias. ( ) Mas também vi esperança nos olhos das crianças refugiadas que aproveitaram todas as oportunidades para aprender em um ambiente, seguro, crescer saudáveis e, eventualmente, reconstruir suas vidas no Brasil", afirmou o ator.
Neeson visitou as cidades de Boa Vista, capital de Roraima, e Pacaraima, na fronteira entre Brasil e Venezuela, para conhecer em primeira mão a realidade das famílias que fogem do país vizinho.
Pacaraima é a principal porta de entrada para os venezuelanos que cruzam a fronteira. Na cidade, eles recebem assistência médica e iniciam os trâmites migratórios para se integrar ao Brasil.
O trabalho faz parte da Operação Acolhida, criada no governo de Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro depois de assumir o poder. A iniciativa conta com o apoio do Exército brasileiro e de várias organizações internacionais, como a própria Unicef.
Em Boa Vista, Neeson também visitou albergues montados para receber os venezuelanos. Mais de 1 mil pessoas vivem no maior deles, sendo que metade delas são crianças, segundo a Unicef.
Segundo a ONU, 4 milhões de venezuelanos saíram do país rumo a outros lugares do mundo desde o fim de 2015. O movimento é um dos maiores fluxos migratórios do planeta e já quase supera o provocado pela guerra civil da Síria.
O ator também participou em atividades recreativas e educacionais com jovens venezuelanos. O trabalho visa facilitar a integração deles nas escolas brasileiras.
Neeson também visitou um acampamento que reúne adolescentes venezuelanos e brasileiros para promover um bom entendimento entre eles e assim evitar a crescente xenofobia sofrida pelos imigrantes da Venezuela em alguns países da América Latina.
"Durante minha visita ao Brasil vi o poder da união dos adolescentes venezuelanos e brasileiros. Isso me fez lembrar da minha experiência durante o conflito na Irlanda do Norte, quando vi crianças católicas e protestantes virarem amigas, rompendo a barreira de medo", afirmou o ator.
Para o diretor regional da Unicef para a América Latina e o Caribe, Bernt Aasen, uma das principais medidas para evitar que a crise migratória da Venezuela se agrave ainda mais é investir nas crianças e nos adolescentes do país, estimulando assim o potencial deles.
"Além da assistência que salva vidas, é fundamental garantir a integração das crianças migrantes nos sistemas de educação, saúde e proteção dos países anfitriões", explicou Aasen.
A Unicef afirmou que em dezembro de 2019 só arrecadou 41% dos US$ 69,5 milhões necessários para atender os jovens migrantes venezuelanos durante todo o ano passado.
Para 2020, a entidade pede US$ 64 milhões para dar assistência a cerca de 633 mil crianças afetadas pela migração venezuelana.
*Com Agência EFE
Fonte: JP